ELEMENTOS DA EDUCAÇÃO CONDUTIVA



Para facilitar o processo de Educação Condutiva seis elementos são importantes e necessários:

1: O Condutor


É o profissional, especialista, capacitado para exercer a ação de educar pelos princípios teóricos e práticos do sistema Petö ou Educação Condutiva. Recebe formação de quatro anos, com um currículo multidisciplinar.

• É responsável pela avaliação inicial, planejamento, a organização e a entrega do programa;
• Planeja situações que incentivem a aprendizagem e a resolução de problemas;
• Observa o desempenho de cada pessoa e também do grupo, para modificar o programa e o calendário de acordo com suas necessidades;
• Cria experiências positivas de aprendizagem, encorajamento e confiança entre as crianças e adolescentes;
O condutor planeja os objetivos explícitos e imediatos durante a programação diária, para que cada elemento do grupo possa colocar em andamento uma atividade a partir de seus próprios esforços.


2: O Grupo


O grupo favorece que as pessoas estejam mais próximas umas das outras e tenham a oportunidade de interagir entre si. O grupo assume uma atmosfera de valorização e reconhecimento mútuo e exerce influência significativa nos outros.

• Eles aprendem não só com o seu condutor, mas de seus pares.
• São encorajados a se tornarem interessados e a trabalhar para terem sucesso.
• O grupo incentiva cada um a esperar por sua vez no atendimento ou, inversamente, para pedir ajuda.
• A experiência em grupo influencia positivamente o aprendizado.
• O condutor, como um líder, motiva e orienta para que os alunos trabalhem aprendendo e acreditando que podem fazer cada vez melhor.
Essa expectativa positiva cria novas possibilidades para mais aprendizado, pois busca soluções no campo da atividade potencial, e não no campo das dificuldades criadas pela deficiência.

Para organizar os grupos, a Condutora analisa como a interação grupal e as especificidades individuais poderão contribuir para o desenvolvimento dos alunos e como as trocas sociais favorecerão na aprendizagem do grupo. Essa composição das características do grupo é fundamental, pois os alunos com condições melhores de atenção ou movimento podem estabelecer pontes de mediação para os colegas do grupo. As experiências compartilhadas oferecem apoio e força ao indivíduo. O clima e as atitudes de entre ajuda reduzem a ansiedade e têm o objetivo de despertar sentimentos de segurança, autoestima, encorajamento e apoio para o sucesso.

Trabalhando conjuntamente, respeitando-se em seus tempos individuais de realização das tarefas e aplaudindo-se em seus progressos, as pessoas percebem a importância do papel ativo de cada um e sentem-se importantes e valorizadas no grupo.


3: Os Programas


Os programas de Educação Condutiva são estruturados para um trabalho embasado nas relações grupais e nos processos de interação entre todos os envolvidos no processo educacional.

• Incluem atividades de vida cotidiana, que são inter-relacionadas com as tarefa s em série e o programa pedagógico;
• A programação ou rotina diária deve assegurar um desenvolvimento integral;
• Os programas são organizados por uma série de ações, chamadas “tarefas em série”.
• Os programas incluem objetivos reais, próximos e funcionais e cada um tem características e qualidades específicas e bem definidas.
No dia a dia, a rotina de trabalho pode apresentar diferentes programas: programa deitado; programa sentado; programa preparatório para em pé; programa em pé; programa manipulativo, programa individual e programa cultural/pedagógico.


4: Tarefas em Série


As séries de tarefas são a base da sessão de trabalho, pois preparam as pessoas para a função. As tarefas são uma parte estruturada do programa diário.

• São designadas com o objetivo de permitir que os participantes desenvolvam uma consciência gradual de seus movimentos.
• São ensinadas, aprendidas, praticadas, generalizadas e utilizadas.
• Cada membro do ´grupo‘ tem conhecimento do seu objetivo e trabalha para a conclusão da tarefa.
• Como o objetivo é aprendizagem e desenvolvimento, as tarefas são ferramentas de ensino, e não um conjunto de exercícios;
• As tarefas são apresentadas de tal forma que permite ao indivíduo ter êxito e ao mesmo tempo, aprender uma nova habilidade ou reforçar uma recém adquirida;
• Elas são planejadas a partir das necessidades do grupo, da faixa etária, do nível de desempenho do grupo e respeitando as diferenças individuais.
As tarefas em série são elaboradas cuidadosamente para assegurar que os alunos sejam estimulados a explorar e a mostrar as suas habilidades, ao invés de olharem apenas para as suas deficiências.


5: As facilitações


Podem ser compreendida como uma ajuda educacional. Como todas as influências positivas de estímulo que oferecem apoio para cada aluno desempenhar uma atividade de forma independente.

• facilitações podem ser um apoio manual, verbal, instrumental, social ou a “intenção rítmica”.
• Cada facilitação deve oferecer segurança, com o mínimo de ajuda apropriada para o aluno iniciar, continuar ou terminar uma tarefa.
• O grupo pode ser também uma fonte facilitadora que estimula tanto a imitação quanto a originalidade.
• Uma facilitação só pode ajudar quando é compreendida como necessária para alcançar um objetivo.
• E a melhor ajuda é aquela que pode ser reduzida aos poucos, garantindo um aspecto importante de dignidade e liberdade humana.
O que caracteriza a facilitação condutiva é que o aluno, durante esse momento, usa a “intenção verbal”, tencionando a ação com as palavras: “estou esticando meu braço (direito ou esquerdo)”…


6: Intenção rítmica


É a técnica pela qual a criança utiliza a fala ou o discurso interior para expressar uma intenção e é seguida pelo movimento, que é realizado ritmicamente.

• O uso da linguagem para planejar, imaginar e realizar um movimento.
• O uso da fala ou discurso interior para expressar a “intenção”.
• Ela focaliza a atenção sobre o movimento

A técnica da intenção rítmica é uma das ferramentas mais valiosa da Educação Condutiva. Muitos condutores afirmam que a intenção rítmica, criada por Petö, pode ser entendida como uma técnica específica para a deficiência motora, assim como o Braille para o deficiente visual. Na prática, a intenção rítmica é a conexão entre fala, música e movimento. A ação motora mediada pela linguagem visa influenciar os processos mentais. Assim, a aprendizagem pode tornar-se ativa e consciente. Nessa compreensão, a linguagem associada ao movimento pode ser determinante para o desenvolvimento da consciência e da própria memória. Ao nomear a ação realizada, cria-se a possibilidade de internalização e de auto regulação do movimento. Na prática, a intenção rítmica acontece quando o condutor verbaliza pequenas tarefas, como objetivos específicos, e os alunos iniciam o movimento, expressando verbalmente sua intenção na primeira pessoa, como por exemplo: “Estou sentado reto, reto. Eu levanto meu braço direito acima, acima, acima… 1,2,3,4,5”. Pela intenção rítmica, o aluno alia a intenção, a linguagem e o ritmo, à ação, aprendendo a construir e estabelecer novas coordenações. Estabelece-se uma relação mais adequada entre intenção e ação, compreendendo novas formas para resolver um problema de movimento. Pela compreensão dos aportes teóricos da Educação Condutiva, quando se estabelece um objetivo e se nomeia o problema a ser resolvido, a intenção rítmica ajuda na orientação e na manutenção da atenção, o que é um aspecto fundamental para a aprendizagem. Segundo Irving Ávila, que já foi condutor do Centro de Educação Condutiva, “como a pessoa com lesão cerebral tem uma falsa imagem do movimento, a intenção rítmica ajuda a formar esta imagem, através da conexão entre a fala e o movimento.”